A mulher do comboio

Monday, May 28, 2007

"Ah, não era pra ser..." Não mesmo?

Freqüentemente, quando alguma coisa não dá certo, ouço a expressão “não era pra ser”. Numa boa intenção de quem profere tal frase, as palavras soam como uma tentativa de consolo para a pessoa que não realizou o que desejava, que deixou escapar – como grãos de areia que escorrem pelos dedos – determinada oportunidade. Mas a dúvida, inquieta, me assalta: não era pra ser mesmo?
A tormenta é ainda maior se tal chance esteve bem ao alcance das mãos, bastaria um pulo e o desejo se realizaria. Mas por obra do destino ou não, a oportunidade se esvai e ficamos, perplexos, a olhar para o infinito da possibilidade perdida, tal qual o passageiro que perde um navio e permanece inerte no cais, a contemplar a embarcação partir deslizando no mar, com a seqüência de palavras a martelar o pensamento: “Era para eu estar lá. Por que não estou”?
Sensação de dúvida, impotência, respostas que não vêm, por mais que as busquemos. Se não era realmente pra ser, porque as situações se apresentaram como se fossem pra ser? Qual o mistério – tudo ia tão bem! – por que o castelo desmoronou, por que levar um gol aos 48 do segundo tempo? O Olimpo tão perto e, inesperadamente, tão distante ficou...
Acredito que pensar que um acontecimento já estava pré-determinado é ter consciência de nossa finita capacidade e, ao mesmo tempo, uma forma de retirarmos de cima dos ombros a responsabilidade de conduzir nossas vidas. Realmente, há situações que, por mais que refletimos, só mesmo o Sobrenatural de Almeida (personagem do Além criado por Nelson Rodrigues) pode explicar. Outras, no entanto, são resultados de nossa ação – ou inação. Posto de outra forma: se de fato desejamos algo, por que não fazer que aconteça? Se por exemplo, eu desejo alguém, por que não ir ao seu encontro e dizer com todas as letras o que sinto, que a amo? Dúvida, medo, insegurança? Às favas com tudo isso!
É mais fácil dizer que “não era pra ser”, se esconder por trás da frase, que lutar pelo que se quer. Sim, mais fácil e também mais cômodo. À noite, porém, nos minutos que antecedem o sono, em que pensamos em nossas vidas, a angústia não se cala, e a voz interior não sai da cabeça, repetindo incessantemente: “Vá, faça, lute...”
O que estamos esperando?

Saturday, May 19, 2007

Internet estimula jornalismo participativo*

Os sites analisados - Vc Repórter, do portal Terra, e Eu-repórter, do grupo Globo - dão ênfase às notícias relacionadas ao cotidiano das cidades, com formato hard news. São divididos em editorias, com destaque para casos policiais, acidentes de trânsito, acontecimentos que acabaram de ocorrer, dando agilidade aos sites, característico da internet. Antes de serem publicadas, as matérias e fotos são submetidas ao crivo de um editor. São sempre de caráter noticioso, não opinativo. Os sites possuem pouca ou quase nenhuma publicidade, o que pode indicar uma tentativa de escapar da influência que têm os anunciantes. Uma das características das matérias veiculadas é o viés das notícias, que sempre dão destaques aos temas de tragédias, reforçando a imagem crítica (mas necessária) que o Jornalismo possui. O que podemos observar é que esse tipo de Jornalismo tende a crescer, porque as pessoas estão cada vez mais querendo reportar os acontecimentos sob uma ótica própria ou diferente dos grandes veículos, o que antigamente não seria possível. O substancial aumento de blogs reforçam essa tendência. Não somente a população em geral, mas também os estudantes de Comunicação podem usufruir dessa ferramenta, expondo suas habilidades e dando visibilidade ao seu potencial, o que pode ajudá-lo a obter um emprego no concorrido mercado de trabalho. As outras mídias (impresso, rádio, TV), também possibilitam a participação do leitor. Entretanto, a internet se credencia como o meio mais adequado ao Jornalismo participativo, pois sua agilidade, alcance e forma de acesso dão força a esse movimento.
* Texto elaborado com Érika Pereira